quarta-feira, 20 de junho de 2012

Três dedos

Do Estadão eu peguei um trecho de reportagem que referencia o recente episódio Lula-Maluf e que repasso a vocês; depois solto meu pitaco. Grifos meus.

Marina alfineta Lula sobre aliança com Maluf

'Vale misturar água e óleo para ter tempo de TV', disse a senadora durante discurso na Rio+20; acordo rendeu 1min35s à propaganda eleitoral de Haddad
RIO - Em um discurso na Cúpula dos Povos nesta terça-feira, dia 19, Marina Silva alfinetou a aliança entre o PT de São Paulo e o ex-prefeito Paulo Maluf. Segundo a ex-senadora, para alguns políticos “vale misturar água e óleo para ter tempo de TV.” A fala, feita em uma das principais plenárias da Cúpula, foi aplaudida de pé pelo público que mais uma vez ovacionou Marina Silva e seu posicionamento contrário aos rumos do documento oficial da Rio+20.

“Eles acreditam que só existe a política do pragmatismo, acreditam que vale misturar água e óleo apenas para ganhar mais tempo na televisão sem nem saber sobre o que propor”, afirmou Marina Silva, que foi ministra do meio-ambiente durante o governo Lula. Nessa segunda, 18, o ex-presidente anunciou aliança com Paulo Maluf em apoio à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. O anúncio causou desconforto entre os próprios petistas e ameaça a permanência da deputada Luiza Erundina (PSB) como vice na chapa.

Meu pitaco:

As vestais sempre me impressionaram negativamente. Quando alguém se apresenta assim muito certinha, muito pura, muito verde, muito... eu desconfio. E com Marina não foi diferente. Desde a primeira hora eu a vi falsa como uma nota de três — e não me enganei.

Diz um ditado que quando se aponta o dedo para alguém outros três ficam apontados para você. É uma forma de imitar com gestos a mensagem contida naquela célebre frase, na qual, segundo a Bíblia, Jesus disse aos apedrejadores de Maria Madalena: "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra." Diz a Bíblia que ninguém se atreveu a lapidar Madalena e que foram embora com o rabo entre as pernas.

O mesmo acontece com nossos dedos. Estão lá três a nos lembrar que somos tão pecadores quando aqueles aos quais queremos imputar uma falta, um crime, talvez até mais que o próprio criminoso. Assim é Marina, criminosa à sua maneira, mas posando de vestal pura e límpida enquanto aponta com seu dedo o desafeto. Vá lá, Lula é gente da pior espécie, mas Marina foi da sua patota por tanto tempo que — com absoluta certeza — também se lambuzou na mesma lama, sujou-se nas mesmas fezes.

Dona Marina é toda verde. Luta pelos animais, plantas e povos da floresta. Ecologista de fama internacional, não há lugar no mundo rico onde não seria reconhecida. Já no terceiro mundo, não sei. Acredito até que em seu estado natal ela não é nem tão conhecida assim. Já no Brasil que conta, não, é a grande redentora da natureza, das ONGs e dos ecologistas. Para eles Marina é dez, mas não devia...

Marina é dada a arroubos tão lulescos quanto os do próprio babalorixá. Para registrar um único votinho insignificante na campanha presidencial em que concorreu, voou num jatinho particular de São Paulo a Rio Branco (AC), votou, deu uma entrevista e embarcou no mesmo jatinho de volta para São Paulo para acompanhar a apuração. Chico Mendes ficaria orgulhoso do feito, já que usou o meio de transporte mais poluidor que se tem notícia nesse planeta. É bem provável que em toda a sua vida ela não consiga apagar o footprint de carbono que esta viagem gerou, footprint que ela, com sua voz de tísica, vai acusar você de ter feito e que debitará em sua conta. Tirando isso, é verde! Verde-petróleo, verde-dólar.

Lembre-se Marina: nota de três, três dedos... E me atrevendo a parafrasear Saint-Exupéry, eu diria a você: "Tu te tornas imputável pelas pessoas que acusa."

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