quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cartas: "Como foi o rescaldo da passeata ?"

Recebi de um amigo paulista esta manhã:

> Meu caro tudo bem ai em casa ? Como foi o rescaldo da passeata ? Estou te
> repassando um email que recebi de um amigo de Brasília para a devida apreciação.


(Anexas, duas longas correspondências entre generais do EB)

Caríssimo Amigo,

Obrigado pelas mensagens enviadas. O conteúdo delas vai ajudar a compor meu próximo artigo — um assunto que venho amadurecendo há tempos — e que espero terminar antes do próximo fim de semana.

Incrivelmente, não tivemos manifestações aqui na minha cidade. A turma achou melhor ir para BH e engrossar a manifestação de lá. Segundo eles, "só as manifestações das capitais entram no compto das estatísticas." Hein?!

Eu não sei o que passa pelas cabecinhas juvenis hoje em dia, mas no tempo em que eu ainda era imberbe, nossas manifestações eram por valores, não por estatísticas. Será que estou errado em ver nessa juventude uma verve narcisista? Será que é o efeito maléfico das mídias sociais (odeio tanto o eufemismo quanto elas próprias) que faz com que todos sejam "seguidores" dos mais badalados, dos mais polêmicos, dos mais escrachados, dos mais mais?

Um desses petralhas falou que o pessoal ia às ruas para fazer selfies, obviamente no intuito de depreciar a manifestação, mas não estava errado não! Boa parte estava lá pela festa, pelo auê. Eu mesmo já vi uma dezena de vídeos postados no YouTube sobre a última manifestação. De matérias jornalísticas a hangouts da moçada de todo o país. Chega a ser comovente. O problema é que no dia seguinte à mega manifestação, TODAS as instâncias do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário) continuaram a fazer o que sempre fizeram: IGNORARAM O CLAMOR POPULAR E TOCAM SUA PAUTA, sem pruridos.

Nem vou cobrar outra atitude da Dilma (já que ela é a principal das Genis), mas ninguém ouviu de Renan ou Cunha um convite para os manifestantes contextualizarem suas reivindicações. O mesmo se pode dizer do Supremo, mas seria esperar muito do Lewandowski. Eles se fingem de mortos na esperança da raiva popular passar. E não se engane: ELA PASSARÁ se nada acontecer, se ninguém se mexer.

A tática é velha e foi amplamente usada por Sarney, um mestre. "Dê tempo ao tempo e tudo passa, todas as feridas se curam." Certíssimo! Também me lembro da fala do Reinaldo Azevedo: "Não ousem deter a marcha dos pacíficos!", bradou no blog e na rádio. Bonito... bonito, mas inócuo. Estamos pacíficos demais, ordeiros demais. Não advogo sair por aí destruindo a coisa pública ou privada — não sou black bloc —, mas é preciso mostrar os dentes para a canalha encastelada no poder. Eles precisam ser ENFRENTADOS fisicamente, razão pela qual defendo que as próximas manifestações sejam EM BRASÍLIA apenas.

Nós podemos ser uma grande multidão — somos milhões —, mas milhões de carneirinhos desdentados. Para os lobos do Planalto ainda não somos ameaça, apenas comida na forma de impostos. Predadores não fogem de medo quando veem a "marcha dos pacíficos" — lambem os beiços.

> Forte abraço e recomendações a Marta.

O mesmo para você e Tânia!

Euler

Um comentário:

Jurema Cappelletti disse...

Estou aguardando por algumas pessoas nas ruas amanhã. De vermelho ! Quanto ao blog, bem... já está tudo preparado para as devidas comparações!

" ... no tempo em que eu ainda era imberbe, nossas manifestações eram por valores, não por esta tísticas." Talvez os jovens de hoje estejam com as cabeças feitas pelas estatítisticas televisivas ! Tavez!!! Porque nem vejo televisão e estou prontinha para fazer as comparações, ainda mais depois que esse ex-presidente petista disse que nossa manifestação seria uma decepção (para nós, não para eles).

Quanto à fábrica do Tony, ontem ele já disse que ela vai mesmo fechar as portas. Êta brasilzinho parado esse! Um abração, Ju

Postar um comentário

Todos os comentários são bem-vindos — inclusive anônimos —, sejam para criticar, corrigir, aplaudir etc. Peço apenas que sejam polidos, pertinentes à postagem e que não contenham agressões ou ofensas.