quarta-feira, 22 de março de 2017

Pelo "Estatuto do Desmicrofonamento"


Sempre me implicou a leviandade com que "repórteres", ou "jornalistas", ou "colunistas" abusam dos meios de comunicação de massa. Não, eu não estou me referindo à mídia impressa, já que o mal causado por este meio está circunscrito a uma minoria que sabe ler e escrever — e quero com isso me referir a pessoas que conseguem entender o que foi escrito —, não apenas "ler de carreirinha" como queria Zeca Diabo e como fazem os milhões de analfabetos funcionais, todos diplomados pelo MEC.
O que me preocupa e tira o sono são os laboriosos midiáticos armados de microfone, essa arma de poderio avassalador que tanto constrói, como destrói civilizações inteiras. Aqui, no Brasil, deveria existir uma CNH para se usar os microfones de rádios e tevês tamanha é a boçalidade, a ignorância e o engôdo que se despeja impunemente pelo éter. Acho mesmo que precisamos de um "Estatuto do Desmicrofonamento ", se me permitem a gozação.
Esse imenso esgoto a céu aberto — literalmente — soterra a pouca ou quase nenhuma cultura que ainda se pode encontrar no nosso cidadão médio, agrava a ignorância do já inculto e causa vertigens e asco naqueles que ainda conseguem extrair algum nexo das palavras. O pior nem se resume aos erros de Português que são muitos, mas principalmente à essência e qualidade daquilo que se veicula nas rádios e principalmente nas tevês. Não sei porque ainda me escandalizo já que um célebre âncora do nosso maior conglomerado de mídia disse que seu principal telejornal era para os Homer Simpsons do país. Não me ofendi; já não dava audiência para o tal jornal e sua tevê há muito.
Pouquíssimos são os profissionais que ainda pensam antes de dizer algo ao microfone. Acho que poderia citar uns cinco, não mais. A maioria esgrime palavras sem o menor pudor de expor sua imensa ignorância e irresponsabilidade. Não raro, eles advertem o público "terem opinião formada" sobre o que falam. Que nada! Não sabem coisa alguma, como aqueles que alertaram a população sobre a "adição de ácido ascórbico" nas carnes, um conhecido "agente cancerígeno", sem nem mesmo saber que o tal ácido mencionado é a desconhecida vitamina C e é usada como antioxidante na carne. Cancerígenos, via de regra, são os corantes químicos que podem ser usados quando a carne já se deteriorou tanto que fica marrom. Quando eles são desmascarados, retrucam que são jornalistas e não químicos, veterinários ou sanitaristas. Sei… Deviam ao menos ter vergonha de expor a própria ignorância como virtude.
É bem possível que o texto lido "de carreirinha" pelo repórter, jornalista ou colunista — seja lá como queira —, estivesse redigido de forma apropriada, mas convenhamos, quem é que ainda se lembra para o que servem as vírgulas? Repito: não me preocupa tanto o que se escreve por aí — e quero me incluir nesse meio —, mas o que se joga pelas ondas, de alcance mundial e irrestrito, deveria ser melhor fiscalizado. Com a palavra, a ANATEL.

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